sábado, 26 de dezembro de 2009

PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL NO BRASIL

Segundo dados do Balanço Energético Nacional, 31,5% de toda energia produzida no Brasil teve com origem a biomassa vegetal.

A lenha e o carvão vegetal representam 11,4% deste total. Se a madeira tem grande destaque como fonte de energia em nosso País,isso deve-se ao carvão vegetal que dela é oriundo. Ainda segundo a mesma fonte, o Brasil produziu cerca de dez milhões de toneladas de carvão vegetal, dos quais 84% foram utilizados na industria siderúrgica, para a produção de ferro, 8% para consumo residencial e 8% para outras atividades. Esses números colocam o Brasil como o maior produtor de carvão vegetal do mundo.

Na maioria das vezes, as questões relativas ao uso da madeira para energia são tratadas de forma marginal, principalmente no momento da tomada de decisão de ordem estratégica para o País, quer seja no âmbito do setor energético, quer seja no âmbito do setor florestal brasileiro.

Entretanto o principal e talvez o mais importante dos problemas ligados a produção de carvão vegetal no Brasil, está relacionado a oferta de matéria- prima. Números da Associação Mineira de Silvicultura (AMS) mostram que em 2008, de todo o carvão vegetal produzido no país, 47,4% da matéria prima utilizada teve origem de matas nativas.

Embora a situação atual na oferta de matéria prima é indesejável sob todos os aspectos ela pode ser perfeitamente solucionada. De acordo com Associação Brasileira de Florestas Plantadas (ABRAF), existem aproximadamente seis milhões de hectares de floresta plantada no Brasil, sendo 4,26 milhões de hectares plantados com Eucalyptus e estas plantações ocupam menos que 1% da área agricultável do Brasil. Dentro deste cenário temos um potencial de crescimento fabuloso e com perspectivas animadoras. Nosso País possui água e energia solar, ideais para o crescimento de muitas espécies arbóreas, o que nos coloca em posição de vantagem comparativa invejável. Por exemplo, nossa produção de madeira por hectare por ano pode atingir a marca de 50 m3, em muitas regiões do País, ao passo que na Finlândia não passa dos 5 m3 por hectare por ano; ainda assim, este país atingiu um alto grau de desenvolvimento e sua principal renda tem origem no setor florestal.

Estudos de cenário realizados por órgãos do setor florestal brasileiro mostram que para atender a demanda de matéria prima florestal nos próximos 10 anos, o Brasil deve incorporar, até o ano de 2020, mais 7,5 milhões de hectares de florestas, isto é, temos que atingir cerca de 13,5 milhões de hectares

Para que isso ocorra temos que vencer desafios. O primeiro é a produção da biomassa em escala, ou seja, a generalização de plantações florestais. De preferência, estes plantios devem ser estimulados através de definições de políticas públicas e incentivados nas pequenas propriedades de forma integrada com as demais culturas evitando-se a monocultura. Todavia, o país não dispõe de material propagativo em quantidade suficiente e na qualidade desejável, quer sejam mudas ou sementes, para atender a demanda em todas as regiões do país. Assim, é preciso incorporar os pequenos produtores rurais nos processos produtivos através do desenvolvimento de tecnologias simples e baratas e fornecimento de sementes e mudas das espécies arbóreas mais adequadas às condições edafoclimáticas do nosso extenso território.

Outro desafio esta relacionado às tecnologias de conversão da biomassa em energia. O nosso carvão vegetal é hoje produzido, em sua maior proporção, da mesma forma como era no inicio do século passado. A tecnologia é primitiva, o controle operacional dos fornos de carbonização é pequeno e não se pratica o controle qualitativo e quantitativo da produção, como por exemplo, os fornos de carbonização para formação de carvão, chamados de rabos-quentes.

Estes fornos são energeticamente ineficientes, apresentam baixa taxa de conversão desperdiçam os finos de carvão, a moinha, e também os vapores da pirólise, o licor pirolenhoso. Além da perda de produtos que poderiam aumentar a rentabilidade do processo, esta tecnologia não é ambientalmente amigável.

Assim, existe a necessidade de disponibilizar tecnologias mais eficientes e sustentáveis. Por outro lado, deve-se desenvolver e adaptar outras tecnologias ainda não usadas ou em estado embrionário no país, como a compactação de biomassa florestal e a produção de bio-óleo, celulignina, álcool e outros derivados de alto valor agregado.

Estes produtos podem promover o aumento da densidade energética da biomassa proporcionando, dentre outras vantagens, uma logística de transporte competitiva. Uma boa notícia é que, preocupadas com essas questões, algumas das mais importantes empresas do setor vêm já há vários anos realizando ações no sentido de estudos e efetivas implantações de sistemas de recuperação desses produtos gasosos para a geração de insumos químicos e energéticos, o que contribuirá sobremaneira para sedimentar definitivamente a posição do Brasil como referência mundial na produção de energia a partir da biomassa florestal.

*Fonte: Painel Florestal

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