quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

EVITE O DESMATAMENTO E GANHE RENDA

Evitar o desmatamento já dá dinheiro no Brasil. Programas de organizações não-governamentais garantem renda a proprietários de terras com floresta nativa em bom estado manterem suas áreas, garantindo a conservação da biodiversidade. Nas áreas de Mata Atlântica, há proprietários recebendo até R$ 7 mil para deixar a floresta intocada.

O debate sobre a conservação das florestas já existentes ganhou força nesta semana na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, na Dinamarca. Um levantamento do Serviço Florestal Brasileiro, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, mostra que existe uma série de projetos no país dentro deste conceito, em várias fases de implantação.

De acordo com o doutor em ecologia Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o problema é que, no Brasil, as iniciativas existentes ainda seguem uma "lógica própria", uma vez que ainda não existem regras nacionais ou locais para este tipo de projeto. "Não há padronização."

'Desmatamento Evitado'

O projeto "Desmatamento Evitado", da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS), tem parceiros como HSBC Seguros, O Boticário, Grupo Positivo e Rigesa Indústria de Papel. Essas empresas adotam propriedades que recebem, em média, R$ 2,4 mil por mês para garantir a preservação da biodiversidade na Mata Atlântica com presença de araucárias. A maior das áreas incluídas no projeto, porém, recebe R$ 7,1 mil mensais.

O valor é pago por hectare e, de acordo com o biólogo Denílson Cardoso, coordenador do projeto, o cálculo do pagamento é feito com base na capacidade de absorção de carbono da vegetação. Em média, de acordo com Cardoso, os proprietários recebem R$ 300 por ano para cada hectare de mata preservada. No caso da SPVS, são preservados 2,4 mil hectares, com um investimento total de R$ 540 mil ao ano.

Segundo a organização, o bioma de Mata Atlântica com presença de araucárias tem menos de 1% de sua área original preservada em bom estado. O "Desmatamento Evitado" prioriza manter em pé o que ainda existe, em vez de focar em replantio de mudas ou reflorestamento. Desta forma, explica Cardoso, garante-se a manutenção da biodiversidade dessas áreas.

O diretor-executivo da SPVS, Clóvis Borges, admite que o valor repassado aos agricultores ainda é "simbólico". Por isso, ele acaba por atrair aqueles que já tinham a intenção de preservar a floresta. Com os valores atuais, a ajuda de custo serve para os proprietários paguem impostos, façam melhorias na área, construindo cercas e infra-estrutura para a propriedade, e também arquem com o custo de funcionários, caso necessário.

‘Sonhador’

Durante 30 anos, José Orlando Crema, 60 anos, foi chamado de “louco” e “sonhador” pelos vizinhos de propriedade, que ganham dinheiro com áreas de reflorestamento. Crema, que mantém 30 mil pés de araucária em 155 hectares, diz que a parceria com a SPVS validou sua aposta em manter a floresta em pé. O proprietário recebe pouco mais de R$ 2 mil por mês da HSBC Seguros.

Desde 2007, quando entrou no programa, já realizou melhorias na propriedade: mudou as cercas, contratou um guardião e também melhorou a infra-estrutura para receber melhor os estudantes de universidades que visitam a floresta para pesquisar biodiversidade. Além disso, reduziu a criação de carneiros que mantinha – hoje os animais são mantidos cercados e longe das árvores.

Engenheiro florestal de formação, Crema foi professor e hoje complementa a aposentadoria com a renda da pequena construtora da família. Ele mora em Curitiba e costuma passar os fins de semana na mata que mantém em Bocaiúva do Sul, a 70 quilômetros da capital. Lá, até a criação de abelhas que mantém está prestes a se adequar ao ideal da biodiversidade: ele substituirá as colméias de abelhas comuns pelas de abelhas nativas da floresta com araucárias.

Outro exemplo de propriedade beneficiada pelo programa é do aposentado Pedro Opuchkevich, de 56 anos, da cidade paranaense de Prudentópolis. Ele recebe cerca de R$ 1,1 mil por mês para preservar a área de floresta comprada por seu pai há 45 anos. Com o dinheiro que recebe, pretende fazer melhorias, como a instalação de energia elétrica na propriedade, o que custará cerca de R$ 7 mil.

Ganho de escala

Como não existe regra para projetos de desmatamento evitado no país, Clóvis Borges diz que cada instituição trabalha com seu próprio método para garantir a preservação. Ele admite que a ação da SPVS “tem algo de desespero”. “Nós atuamos como bombeiros. O nosso desafio é ganhar escala, pois ainda não fechamos um modelo que seja aplicável para o Brasil inteiro”, ressalta.

Enquanto a SPVS remunera seus produtores a partir de uma metodologia de absorção de carbono, um projeto da Fundação O Boticário nas margens da represa do Guarapiranga, que abastece 4 milhões de pessoas no estado de São Paulo, usa um método completamente diferente: remunera as propriedades com base em colaboração para a manutenção do fluxo e da qualidade da água.

As propriedades incluídas no projeto da Fundação O Boticário recebem, em média, R$ 15,5 mil ao ano, ou pouco menos de R$ 1,3 mil por mês. A maior área, porém, tem 270 hectares de mata preservada e recebe R$ 93,7 mil ao ano, ou R$ 7,8 mil mensais.

Segundo a diretora-executiva da fundação, Malu Nunes, os contratos de pagamento pela preservação das áreas foram firmados por cinco anos. Ao fim deste prazo, ela espera que o mercado de pagamento por serviços ambientais no Brasil já esteja desenvolvido. “[É preciso] criar um mercado de serviços ambientais, um marco legal”, diz Malu.

Para Borges, da SPVS, é preciso que os serviços ambientais sejam tratados como “ativos passíveis de pagamento”. À medida que o cálculo do que deve ser remunerado ficar mais abrangente, diz o ambientalista, os proprietários das áreas poderão receber mais por um maior número de serviços oferecidos por suas propriedades, como biodiversidade, polinização, contribuição para o equilíbrio climático e conservação do solo, por exemplo.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Economia

sábado, 26 de dezembro de 2009

PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL NO BRASIL

Segundo dados do Balanço Energético Nacional, 31,5% de toda energia produzida no Brasil teve com origem a biomassa vegetal.

A lenha e o carvão vegetal representam 11,4% deste total. Se a madeira tem grande destaque como fonte de energia em nosso País,isso deve-se ao carvão vegetal que dela é oriundo. Ainda segundo a mesma fonte, o Brasil produziu cerca de dez milhões de toneladas de carvão vegetal, dos quais 84% foram utilizados na industria siderúrgica, para a produção de ferro, 8% para consumo residencial e 8% para outras atividades. Esses números colocam o Brasil como o maior produtor de carvão vegetal do mundo.

Na maioria das vezes, as questões relativas ao uso da madeira para energia são tratadas de forma marginal, principalmente no momento da tomada de decisão de ordem estratégica para o País, quer seja no âmbito do setor energético, quer seja no âmbito do setor florestal brasileiro.

Entretanto o principal e talvez o mais importante dos problemas ligados a produção de carvão vegetal no Brasil, está relacionado a oferta de matéria- prima. Números da Associação Mineira de Silvicultura (AMS) mostram que em 2008, de todo o carvão vegetal produzido no país, 47,4% da matéria prima utilizada teve origem de matas nativas.

Embora a situação atual na oferta de matéria prima é indesejável sob todos os aspectos ela pode ser perfeitamente solucionada. De acordo com Associação Brasileira de Florestas Plantadas (ABRAF), existem aproximadamente seis milhões de hectares de floresta plantada no Brasil, sendo 4,26 milhões de hectares plantados com Eucalyptus e estas plantações ocupam menos que 1% da área agricultável do Brasil. Dentro deste cenário temos um potencial de crescimento fabuloso e com perspectivas animadoras. Nosso País possui água e energia solar, ideais para o crescimento de muitas espécies arbóreas, o que nos coloca em posição de vantagem comparativa invejável. Por exemplo, nossa produção de madeira por hectare por ano pode atingir a marca de 50 m3, em muitas regiões do País, ao passo que na Finlândia não passa dos 5 m3 por hectare por ano; ainda assim, este país atingiu um alto grau de desenvolvimento e sua principal renda tem origem no setor florestal.

Estudos de cenário realizados por órgãos do setor florestal brasileiro mostram que para atender a demanda de matéria prima florestal nos próximos 10 anos, o Brasil deve incorporar, até o ano de 2020, mais 7,5 milhões de hectares de florestas, isto é, temos que atingir cerca de 13,5 milhões de hectares

Para que isso ocorra temos que vencer desafios. O primeiro é a produção da biomassa em escala, ou seja, a generalização de plantações florestais. De preferência, estes plantios devem ser estimulados através de definições de políticas públicas e incentivados nas pequenas propriedades de forma integrada com as demais culturas evitando-se a monocultura. Todavia, o país não dispõe de material propagativo em quantidade suficiente e na qualidade desejável, quer sejam mudas ou sementes, para atender a demanda em todas as regiões do país. Assim, é preciso incorporar os pequenos produtores rurais nos processos produtivos através do desenvolvimento de tecnologias simples e baratas e fornecimento de sementes e mudas das espécies arbóreas mais adequadas às condições edafoclimáticas do nosso extenso território.

Outro desafio esta relacionado às tecnologias de conversão da biomassa em energia. O nosso carvão vegetal é hoje produzido, em sua maior proporção, da mesma forma como era no inicio do século passado. A tecnologia é primitiva, o controle operacional dos fornos de carbonização é pequeno e não se pratica o controle qualitativo e quantitativo da produção, como por exemplo, os fornos de carbonização para formação de carvão, chamados de rabos-quentes.

Estes fornos são energeticamente ineficientes, apresentam baixa taxa de conversão desperdiçam os finos de carvão, a moinha, e também os vapores da pirólise, o licor pirolenhoso. Além da perda de produtos que poderiam aumentar a rentabilidade do processo, esta tecnologia não é ambientalmente amigável.

Assim, existe a necessidade de disponibilizar tecnologias mais eficientes e sustentáveis. Por outro lado, deve-se desenvolver e adaptar outras tecnologias ainda não usadas ou em estado embrionário no país, como a compactação de biomassa florestal e a produção de bio-óleo, celulignina, álcool e outros derivados de alto valor agregado.

Estes produtos podem promover o aumento da densidade energética da biomassa proporcionando, dentre outras vantagens, uma logística de transporte competitiva. Uma boa notícia é que, preocupadas com essas questões, algumas das mais importantes empresas do setor vêm já há vários anos realizando ações no sentido de estudos e efetivas implantações de sistemas de recuperação desses produtos gasosos para a geração de insumos químicos e energéticos, o que contribuirá sobremaneira para sedimentar definitivamente a posição do Brasil como referência mundial na produção de energia a partir da biomassa florestal.

*Fonte: Painel Florestal

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

SILVICULTURA: UTILIZAÇÃO DE CARVÃO VEGETAL

Trecho do programa Ecologia e Cidadania, produzido pela Organização Ponto Terra, onde Bernardo de Vasconcellos Moreira, presidente da Associação Mineira de Silvicultura fala sobre este tema.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

RENDA EXTRA: INTEGRAÇÃO LAVOURA/ PECUÁRIA/ FLORESTA

A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais vai implantar, até março, 226 unidades demonstrativas do sistema de integração lavoura/pecuária/floresta, além de 885 novas áreas de plantio de eucalipto. O trabalho, que começou em 2008, foi incrementado em 2009 com o investimento de aproximadamente R$ 1,4 milhão pelo governo estadual.

A integração lavoura/pecuária/floresta consiste em aproveitar a mesma área de uma propriedade para desenvolver de duas a três atividades diferentes. O produtor pode consorciar o pasto com lavouras de grãos, como o milho. Ou ainda investir no plantio de florestas – geralmente eucalipto – para corte de madeira na mesma área usada para o pastoreio de animais ou para o cultivo de lavouras anuais.

“O trabalho para implantação das 226 unidades demonstrativas teve início em 2008. Desde então, estão sendo adquiridos e distribuídos adubos, sementes de milho e capim, além de mudas de eucalipto para produtores rurais”, explica o secretário da Agricultura, Gilman Viana. Os produtores estão fazendo o plantio em áreas de até dois hectares no sistema de integração. A assistência técnica é prestada pelos técnicos da Emater-MG. A empresa também é a responsável por fazer o levantamento dos produtores interessados em implantar as unidades demonstrativas. “A ideia é de que essas áreas sirvam de demonstração para outros produtores interessados. Dessa forma, estamos difundindo o sistema pelo estado”, diz o secretário.

A outra ação da secretaria é a aquisição e distribuição de insumos e mudas de eucalipto para 885 produtores. Cada um está recebendo mil mudas. Nesse caso, o plantio é feito em áreas entre um hectare (plantio adensado) e quatro hectares (consorciado com pasto e lavoura). Quem recebe as mudas pode optar em plantar apenas o eucalipto ou fazer a integração com outras culturas. Paralelamente à implantação das unidades demonstrativas, a Secretaria de Agricultura promoveu este ano a capacitação de 574 pessoas, entre técnicos e produtores.

Além do aproveitamento de uma mesma aérea para o desenvolvimento de até três atividades, o sistema integração lavoura/pecuária/floresta é considerado pelos especialistas uma das melhores práticas sustentáveis da agropecuária. “No caso de Minas Gerais, existem 25 milhões de hectares ocupados com pastagens. Uma parte está degradada. Uma das melhores maneiras de recuperar essas áreas é a integração com outras atividades, pois reduz o processo erosivo e melhora a fertilidade do solo ao fazer o plantio de outras culturas”, explica o coordenador de Bovinocultura de Corte da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires. Ele também lembra que o sistema é uma das melhores maneiras de aumentar a oferta de madeira para uso das indústrias do estado.

José Alberto alerta que a integração deve ser feita com assistência técnica, pois o espaçamento do plantio de grãos e de eucalipto vai variar de acordo com o tipo de integração.

Fonte: Esatdo de Minas 21/12/2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COMBATE A FORMIGAS EM PLANTIOS DE EUCALIPTO

REPORTAGEM DO JORNAL ESTADO DE MINAS NO DIA 14/12/2009

Um dos maiores inimigos de plantios de várias espécies, como o eucalipto, são as formigas-cortadeiras. Por esse motivo, elas devem ser combatidas de 30 a 60 dias antes do preparo do terreno. Esse combate deve ser feito de preferência de meados de agosto a meados de outubro, épocas em que costuma não chover, e já próximas do período de plantio.

Após o primeiro combate, o produtor deve vigiar constantemente a área. Aparecendo nova movimentação de formigas, deve ser feita nova aplicação de imediato, mesmo após o plantio.

O formicida mais fácil de usar, de menor custo, e que apresenta bons resultados quando aplicado corretamente, são as iscas granuladas.

Devem ser usadas iscas à base de sulfuramida, registradas no Ministério da Agricultura.

APLICAÇÃO
Deve-se medir a terra solta em cima do formigueiro para obter a área em metros quadrados, o que é obtido multiplicando-se o comprimento da terra solta pela sua largura. Usar para cada metro quadrado de formigueiro a dosagem recomendada pelo fabricante na embalagem, que geralmente é de 6 a 10 gramas de isca por metro quadrado.

A quantidade calculada de iscas deve ser distribuída ao lado dos carreiros mais movimentados, usando sempre o equipamento de proteção individual (EPI) e respeitando as demais normas de segurança conforme recomendações do Receituário Agronômico e das contidas na embalagem do fabricante. As próprias formigas se encarregarão de levar a isca para dentro dos formigueiros, que contaminará os fungos dos quais as formigas se alimentam, matando-as de fome.

LEMBRAR QUE:
. As iscas só podem ser usadas na época seca.
. Não devem ser aplicadas em terreno molhado.
. Deve-se aplicar a isca no fim da tarde.
. Não se deve tocar a isca sem luvas. Além do problema da toxidez para o aplicador, o cheiro da mão nua passará para a isca, e as formigas não carregarão a isca.
. Procure sempre um técnico para orientá-lo.

OBSERVAÇÃO:
As iscas formicidas são produtos tóxicos, e para sua aquisição é necessário que um profissional habilitado emita o Receituário Agronômico, devendo as recomendações ali fornecidas ser estritamente seguidas, inclusive quanto ao uso de equipamento de proteção individual.


Fonte: Ivo Pera Eboli, engenheiro florestal, coordenador técnico estadual de Silvicultura da Emater-MG